terça-feira, 20 de setembro de 2011

José Luandino Vieira




José Luandino Vieira, pseudónimo literário de José Vieira Mateus da Graça (Vila Nova de Ourém, 4 de Maio de 1935) é um escritor angolano.

Português de nascimento, passou a juventude em Luanda, onde concluiu os estudos secundários. Durante a Guerra Colonial, combateu nas fileiras do MPLA, contribuindo para a criação da República Popular de Angola. Detido pela PIDE, pela primeira vez em 1959, foi um dos acusados do Processo dos 50, acabando condenado a catorze anos de prisão, em 1961. Antes disso a Sociedade Portuguesa de Autores, então presidida por Manuel da Fonseca, pretendera atribuir-lhe o Prémio Camilo Castelo Branco, pela sua obra Luuanda. Essa acção fez com a PIDE/DGS levasse a cabo uma acção de desmantelamento da SPA. Luandino Vieira cumpriu a pena de prisão no Campo do Tarrafal, em Cabo Verde, regressando a Portugal em 1972, com residência vigiada em Lisboa.
Em 1975 regressou a Angola. Ocupou os cargos de director da Televisão Popular de Angola (1975-1978), director do Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA (1975-1979) e do Instituto Angolano de Cinema (1979-1984), co-fundador da União dos Escritores Angolanos, de que foi secretário-geral (1975-1980 e 1985-1992) e secretário-geral adjunto da Associação dos Escritores Afroasiáticos (1979-1984). Com o fiasco das primeiras eleições livres, em 1992, e o reinício da guerra civil angolana, regressou a Portugal. Radicou-se no Minho, onde vive em isolamento na quinta de um amigo, passando a dedicar-se à agricultura.
Em 2006 foi-lhe atribuído o Prémio Camões, o maior galardão literário para a língua portuguesa. Contudo, recusou o prémio alegando «motivos íntimos e pessoais», segundo um comunicado de imprensa. Entrevistas posteriores, sobretudo ao Jornal de Letras, esclareciam que o autor não aceitara o prémio por se considerar um escritor morto e, como tal, o Prémio deveria ser entregue a alguém que continuasse a produzir. Ainda assim publicou dois novos livros em 2006.

Cargos que exerceu:

1975 - 1978 - organizou e dirigiu a Televisão Popular de Angola
1979 - dirigiu o Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA.
1975 - 1980 - secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (Membro Fundador)
1979 - 1974 - dirigiu o Instituto Angolano do Cinema.
1979 - 1984 - secretário-geral Adjunto da Associação dos Escritores Afroasiáticos
1985 - 1992 - secretário-geral da União dos Escritores de Angola


Colaborações jornalísticas:

Mensagem, da Casa dos Estudantes do Império de Lisboa, (Lisboa, 1950; 1961-1963)
O Estudante (Luanda, 1961)
Cultura (Luanda, 1961)
Boletim Cultural do Huambo (Nova Lisboa, 1958)
Jornal de Angola (Luanda 1961-1963)
Jornal do Congo (Carmona, 1962)
Vértice (Coimbra, 1973)
e Jornal de Luanda (1973 -?)


Obras:

ContosA cidade e a infância (Contos), 1957; 1986
Duas histórias de pequenos burgueses (Contos), 1961
Luuanda (Contos), 1963; 2004
Vidas novas (Contos), 1968; 1997
Velhas histórias (Contos), 1974; 2006
Duas histórias (Contos), 1974
No antigamente, na vida (Contos), 1974; 2005
Macandumba (Contos), 1978; 2005
Lourentinho, Dona Antónia de Sousa Neto & eu (Contos), 1981; 1989
História da baciazinha de Quitaba (Conto), 1986


Novela:

A vida verdadeira de Domingos Xavier, 1961; 2003
João Vêncio. Os seus amores, 1979; 2004


Romance:

Nosso Musseque (Romance), 2003
Nós, os do Makulusu (Romance), 1974; 2004
O livro dos rios, 1º vol. da trilogia De rios velhos e guerrilheiros(Romance), 2006


Infanto-juvenil:

A guerra dos fazedores de chuva com os caçadores de nuvens. Guerra para crianças (Infanto-juvenil), 2006


Tradução:

A Clockwork Orange (Laranja Mecânica)de Anthony Burgess, 1973


Outros:

Kapapa: pássaros e peixes, 1998
À espera do luar, 1998


Prémio:

Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores (Prémio Camilo Castelo Branco) (1965)
Prémio Sociedade Cultural de Angola (1961),
Casa dos Estudantes do Império - Lisboa (1963)
Prémio Mota Veiga (1963)
Associação de Naturais de Angola (1963).
Prémio Camões (2006)


Opiniões sobre o autor:


"A sua obra, importantíssima, foi precursora da literatura angolana e tem raízes na terra e na cultura do país" - José Saramago
"Luandino Vieira é também um marco revolucionário pelo movimento que criou em Portugal a favor da liberdade de expressão" - Lídia Jorge
"Luandino Vieira é um nome tão grande da literatura em língua portuguesa que a sua distinção já há muitos anos era esperada". "A sua obra tem um enorme valor, e este prémio é um reconhecimento da dinâmica das literaturas africanas e do vigor da Língua Portuguesa em África" - José Eduardo Agualusa.
"(…) autor que conta na literatura de língua portuguesa e porque foi a certa altura quase um símbolo de rebelião" - Eduardo Lourenço
"Luandino Vieira dedicou toda a sua vida ao povo angolano, expressando, através dos seus escritos, o sofrimento e as alegrias do povo" - Arlindo Isabel, director da Editorial Nzila.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

121º Aniversário de Agatha Cristie


Agatha Christie
Agatha Christie é, e sempre será, a Rainha do Crime. Soberana dos romances policiais, vendeu bilhões de livros pelo mundo e foi traduzida para 45 línguas, sendo ultrapassada em vendas somente pela Bíblia e por Shakespeare. Nasceu Agatha Mary Clarissa Miller, em 15 de setembro de 1890, na cidade inglesa de Torquay, mais precisamente na mansão Ashfield. Cresceu ouvindo as histórias de Conan Doyle, Edgar Allan Poe e Leroux, contadas por sua irmã mais velha, Madge. Mas foi a mãe que lhe incentivou a começar a escrever contos, quando um forte resfriado fez a menina Agatha ficar alguns dias de cama. Anos mais tarde, continuaria escrevendo encorajada por Eden Phillpotts, teatrólogo amigo da família. Já famosa diria que, no início, todas as suas histórias eram melancólicas e que a maioria dos personagens morria no final.

Em 1914, casou-se com o Coronel Archibald Christie (a quem ela chamava de Archie), piloto do Corpo Real de Aviadores. Com ele, além de herdar o nome com a qual se tornaria a maior celebridade dos romances policiais, Agatha teve uma filha, Rosalind. Deram a volta ao mundo juntos e, ao lado dele, a jovem Agatha chegou até a surfar em Honolulu. O divórcio entre os dois aconteceria em 1928.

O romance de estreia daquela que viria a se tornar a Rainha do Crime, O misterioso caso de Styles, foi concebido no final da Primeira Guerra Mundial. Foi depois de trabalhar como enfermeira, quando fora transferida para o dispensário que, junto aos medicamentos, voltou a pensar na ideia que mudaria para sempre a sua vida, como mostra o texto publicado em sua Autobiografia (publicada no Brasil em 1979 pela editora Nova Fronteira):

“Foi quando trabalhava no dispensário que concebi a ideia de escrever uma história policial. Essa ideia permanecia em minha mente desde o tempo em que Madge [sua irmã] me desafiara a escrevê-la – e meu atual trabalho parecia oferecer a oportunidade favorável. Ao contrário da enfermagem, onde sempre havia o que fazer, o serviço do dispensário tinha períodos muito atarefados e outros mais frouxos. Às vezes eu ficava de serviço só a parte da tarde, praticamente sentada o tempo todo. Depois de verificar que os frascos de remédios estavam cheios e em ordem, tinha liberdade para fazer o que quisesse, desde que não abandonasse o dispensário. Comecei a considerar que espécie de história policial poderia escrever. Visto que estava rodeada de venenos, talvez fosse natural que selecionasse a morte por envenenamento. Congeminei um enredo que me parecia ter possibilidades. Essa ideia permaneceu na minha mente, gostei dela e, finalmente, aceitei-a. Depois tratei da dramatis personae. Como? Por quê? E tudo mais. Teria que ser um envenenamento íntimo, devido à maneira especial como seria acometido o crime; teria que passar-se em família, ouso dizer assim. Naturalmente, teria que aparecer um detetive. Nessa altura, achava-me mergulhada na tradição de Sherlock Holmes. Por isso pensei logo em detetives. Não poderia ser como Sherlock Holmes, é claro: teria que inventar algo diferente, bem meu, mas também ele teria que ter um amigo íntimo, uma espécie de ator contracenante – não seria tão difícil assim! Retornei a meus pensamentos a respeito dos outros caracteres. Quem seria assassinado? (...) O verdadeiro objetivo de uma boa história policial é que o assassino seja alguém óbvio e que, ao mesmo tempo, por certas razões, descubramos que não é óbvio, e que, afinal, possivelmente não fora essa pessoa que cometera o crime.”

E assim nasceu O misterioso caso de Styles, trazendo pela primeira vez o detetive belga Hercule Poirot, personagem que conseguiria ser quase tão popular quanto Sherlock Holmes. E não só esse livro, como outros, foram influenciados pelo trabalho de Agatha no dispensário e possuem mortes por envenenamento.

Em 1926, após ter lançado a média de um livro por ano, Agatha Christie escreveu aquela que ficou conhecida como sua obra-prima: O assassinato de Roger Ackroyd. O livro, primeiro publicado pela editora Collins, marcou o início de um relacionamento autor-editor que durou meio século e rendeu 70 títulos. O assassinato... foi também o primeiro dos livros de Agatha a ser dramatizado – sob o nome de Álibi – e a fazer sucesso na West End de Londres. Mas o seu mais famoso texto levado ao teatro, A ratoeira, estreou em 1952 e é a peça que mais tempo ficou em cartaz em toda a história.

Agatha casou-se pela segunda vez em 1930 com o arqueólogo Sir Max Mallowan, 14 anos mais jovem. E foi ao lado dele que a escritora viajou para o Oriente Médio, apaixonou-se pelo Egito e inspirou-se para criar histórias como Morte no Nilo e E no final a morte.

Em 1971, Agatha recebeu o título de Dama da Ordem do Império Britânico. Faleceu em 12 de janeiro de 1976, de causas naturais, aos 85 anos de idade em sua residência (Winterbrook), em Wallingford, Oxfordshire. Foi enterrada no Cemitério da Paróquia

Além de um patrimônio avaliado em 20 milhões de dólares, deixou algumas obras prontas, publicadas postumamente, como Um crime adormecido, sua Autobiografia e a coleção de pequenas histórias Os casos finais de Miss Marple, Enquanto houver luz e Problem at Pollensa.

Ao todo, é autora 66 novelas policiais, 163 histórias curtas, duas autobiografias, vários poemas, e seis romances “não crime” com o pseudônimo de Mary Westmacott. Pioneira em criar desfechos impressionantes, verdadeiras surpresas para os leitores, seus textos seguem fascinando as novas gerações.

Sua única filha, Rosalind Hicks, morreu em 28 de outubro de 2004, também com 85 anos e, assim como a mãe, de causas naturais. A partir de então, os direitos sobre a obra de Agatha Christie passaram a pertencer ao seu neto, Mathew Princhard.



Fonte: http://lpm.com.br/site/default.asp?TroncoID=805134&SecaoID=948848&SubsecaoID=0&Template=../livros/layout_autor.asp&AutorID=608190

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Redação do Concurso da Volkswagem

REDAÇÃO DO CONCURSO DA VOLKSWAGEM

No processo de seleção da Volkswagen do Brasil, os candidatos deveriam
responder a seguinte pergunta:

“Você tem experiência?”
A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e
seu texto está fazendo sucesso, e com certeza ele será sempre lembrado por
sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.

REDAÇÃO VENCEDORA :

Já fiz cosquinha na minha irmã pra ela parar de chorar.
Já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.
Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo.
Já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro.
Já me cortei fazendo a barba apressado.
Já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que eram as mais
difíceis de esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas.
Já subi em árvore pra roubar fruta.
Já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas.
Já escrevi no muro da escola.
Já chorei sentado no chão do banheiro.
Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando.
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado.
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar.
Já bebi uísque até sentir dormente os meus lábios.
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso.
Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de
alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua,
Já gritei de felicidade,
Já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um 'para
sempre' pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol.
Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam
novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas...
Tantos momentos fotografados pelas lentes da emoção e guardados num baú, chamado coração....

E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:

'Qual sua experiência?’.
Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência.. .experiência. .
Será que ser 'plantador de sorrisos' é uma boa experiência?
Sonhos!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!
Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta
pergunta:

Experiência?

Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?