domingo, 26 de junho de 2011

Zeca Afonso



José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos (Aveiro, 2 de Agosto de 1929 Setúbal, 23 de Fevereiro de 1987), também conhecido por Zeca Afonso, foi um cantor e compositor português.
Oriundo do
fado de Coimbra, foi uma figura central do movimento de renovação da música portuguesa que se desenvolveu na década de 1960 do século XX e se prolongou na década de 70, sendo dele originárias as famosas canções de intervenção, de conteúdo de esquerda, contra o Regime. Zeca Afonso ficou indelevelmente associado ao derrube do Estado Novo, regime de ditadura Salazarista vigente em Portugal entre 1933 e 1974, uma vez que uma das suas composições, "Grândola, Vila Morena", foi utilizada como senha pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), comandados pelos Capitães de Abril, que instaurou a democracia, em 25 de Abril de 1974.


Nascido em Aveiro, aí viveu até aos três anos, numa casa do Largo das Cinco Bicas, com a tia Gegé e o tio Xico. Com aquela idade foi levado para Angola, onde o pai havia sido colocado como delegado do Procurador da República, em 1930.
A relação física com a natureza causou-lhe uma profunda ligação ao continente
africano, que se reflectirá pela sua vida fora. As trovoadas, as florestas e os grandes rios atravessados em jangadas escondiam-lhe a realidade colonial.
Em
1937 regressa a Aveiro, mas parte no mesmo ano para Moçambique, onde se reencontra com os pais e os irmãos em Lourenço Marques. No ano seguinte volta para Portugal, passando a viver com o tio Filomeno, que ocupava o cargo de presidente da Câmara de Belmonte. Em 1939 os seus pais foram viver para Timor, onde seriam cativos dos ocupantes japoneses durante três anos, entre 1942 e 1945. Durante esse período, Zeca Afonso não teve notícias dos pais.
Em
Belmonte completa a instrução primária e convive com o mais profundo ambiente do salazarismo, de que seu tio era ferveroso admirador. Filomeno Afonso era pró-franquista e pró-hitleriano, obrigando Zeca a envergar o traje da Mocidade Portuguesa.
Zeca Afonso vai para
Coimbra em 1940 e começa a cantar por volta do quinto ano, no Liceu D. João III. Os tradicionalistas reconheciam-no como um bicho que cantava bem. Inicia-se em serenatas e canta em festas populares, interpretando o fado de Coimbra, lírico e tradicional. Em 1948 completa o Curso Geral dos Liceus, após dois chumbos. Conhece Maria Amália de Oliveira, uma costureira de origem humilde, com quem vem a casar em segredo, por oposição da família. Continua na vida associativa, fazendo viagens com o Orfeão e com a Tuna Académica e jogando futebol, na Associação Académica de Coimbra. Em 1949 inscreve-se no curso de Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Volta a Angola e Moçambique, integrado numa comitiva do Orfeão Académico de Coimbra.


Em Janeiro de 1953 nasce-lhe o primeiro filho, José Manuel. Dedica-se a dar explicações e a fazer revisão de textos no Diário de Coimbra, ao mesmo tempo que grava o seu primeiro disco, Fados de Coimbra. De 1953 a 1955 cumpre, em Mafra e Coimbra, o Serviço Militar Obrigatório.
Tem grandes dificuldades económicas para sustentar a família, como refere em carta enviada aos pais em
Moçambique. A algumas cadeiras de terminar o curso, é lhe permitido leccionar no Ensino Técnico. Em 1956 vai leccionar para Aljustrel e divorcia-se de Maria Amália. Em 1958 envia os filhos para Moçambique, onde ficam ao cuidado dos avós. Entre 1958 e 1959 é professor de Francês e de História, na Escola Comercial e Industrial de Alcobaça. Em 1959 participa frequentemente em festas populares e canta em colectividades para lançar, em 1960, o seu quarto disco, Balada do Outono. Em 1962 segue atentamente a crise académica de Lisboa, convive, em Faro, com Luiza Neto Jorge, António Barahona, António Ramos Rosa e namora com Zélia, natural da Fuzeta. Casa-se com Zélia e realiza uma nova digressão em Angola, com a Tuna Académica da Universidade de Coimbra. No mesmo ano é editado o álbum Coimbra Orfeon of Portugal, onde José Afonso rompe com o acompanhamento das guitarras de Coimbra, fazendo-se acompanhar, nas canções Minha Mãe e Balada Aleixo, pelas violas de José Niza e Durval Moreirinhas.
Em
1963 terminaria a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, com uma tese sobre Jean-Paul Sartre, intitulada Implicações substancialistas na filosofia sartriana.
No mesmo ano são editados os primeiros temas de carácter vincadamente político, Os Vampiros e Menino do Bairro Negro — o primeiro contra a opressão do capitalismo, o segundo, inspirado na miséria do Bairro do Barredo, no
Porto — integravam o disco Baladas de Coimbra, que viria a ser proibido pela Censura.

Os Vampiros, juntamente com Trova do Vento que Passa (um poema de Manuel Alegre, musicado e cantado por Adriano Correia de Oliveira) viriam a tornar-se símbolos de resistência anti-salazarista da época.
Realiza digressões pela
Suíça, Alemanha e Suécia, integrado num grupo de fados e guitarras, na companhia de Adriano Correia de Oliveira, José Niza, Jorge Godinho, Durval Moreirinhas e ainda da fadista lisboeta Esmeralda Amoedo.
Em
Maio de 1964, José Afonso atua na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, onde se inspira para fazer a canção Grândola, Vila Morena, que viria a ser a senha do Movimento das Forças Armadas, no golpe de 25 de Abril de 1974. Nesse mesmo ano são editados Cantares de José Afonso e Baladas e Canções.
De
1964 a 1967 Zeca está em Lourenço Marques, com Zélia, onde reencontra os seus dois filhos. Nos últimos dois anos, é professor no Liceu Pêro de Anaia, na cidade da Beira. Colabora com um grupo de teatro local, musicando uma peça de Bertolt Brecht, A Excepção e a Regra. Manifesta-se contra o colonialismo, o que lhe causa problemas com a PIDE, a polícia política do Estado Novo. Em Moçambique nasce a sua filha Joana, em 1965.
Quando regressa a
Portugal, é colocado como professor em Setúbal. Contudo seria expulso do ensino oficial, por interferência da PIDE.

Entre 1967 e 1970, Zeca Afonso torna-se um símbolo da resistência democrática. Mantém contactos com a Liga Unitária de Acção Revolucionária e o Partido Comunista Português — ainda que se mantenha independente de partidos — e é preso pela PIDE. Continua a cantar e participa no I Encontro da Chanson Portugaise de Combat, em Paris, em 1969. Grava também Cantares do Andarilho, recebendo o prémio da Casa da Imprensa pelo Melhor Disco do Ano, e o prémio da Melhor Interpretação. Para que o seu nome não seja censurado, Zeca Afonso passa a ser tratado nos jornais pelo anagrama Esoj Osnofa.
Em
1971 edita Cantigas do Maio, no qual surge Grândola, Vila Morena. Zeca participa em vários festivais, sendo também publicado um livro sobre ele e lança o LP Eu vou ser como a toupeira. Em 1973 canta no III Congresso da Oposição Democrática e grava o álbum Venham mais Cinco.
Após da
Revolução dos Cravos continua a cantar, grava o LP Coro dos Tribunais e participa em numerosas sessões do Canto Livre Perseguido, bem como nas campanhas de alfabetização promovidas pelo MFA. A sua intervenção política não pára, tornando-se um admirador do período do PREC - Processo Revolucionário Em Curso. Em 1976 apoia Otelo Saraiva de Carvalho, na sua candidatura à Presidência da República.
Os seus últimos espectáculos decorreram no
Coliseu de Lisboa e do Porto, em 1983, quando Zeca Afonso já se encontrava doente. No final desse mesmo ano, é-lhe atribuída a Ordem da Liberdade, mas o cantor recusa.
Em 1985 é editado o seu último álbum de originais, Galinhas do Mato, em que, devido ao avançado estado da doença, Zeca Afonso não consegue cantar na totalidade. Devido a isso, o álbum foi completado por: José Mário Branco, Sérgio Godinho, Helena Vieira, Fausto e Luís Represas. Em 1986, já em fase terminal da sua doença, apoia a candidatura de Maria de Lourdes Pintasilgo à presidência da república.
Zeca Afonso morreu no dia
23 de Fevereiro de 1987 no Hospital de Setúbal, às três horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica.
Em
1994 seria editado Filhos da Madrugada Cantam José Afonso, um CD duplo em homenagem a Zeca Afonso. No final de Junho seguinte, muitas das bandas portuguesas que integraram o projecto, participaram num concerto que teve lugar no então Estádio José de Alvalade.
Em
24 de Abril de 1994 a CeDeCe estreia no Teatro S. Luiz o bailado Dançar Zeca Afonso, com música de Zeca Afonso e coreografia de António Rodrigues, uma encomenda do Município, a propósito da Capital Europeia da Cultura.
Muitas das suas músicas continuam a ser gravadas por numerosos artistas portugueses e estrangeiros. Calcula-se que existam actualmente mais de 300 versões de canções suas gravadas por mais de uma centena de intérpretes,
o que faz de Zeca Afonso um dos compositores portugueses mais divulgados a nível mundial. O seu trabalho é reconhecido e apreciado pelo país inteiro e Zeca Afonso, com a sua incidência política que as suas canções ganharam, indiscutivelmente representa uma parte muito importante da cultura poética portuguesa.




Bibliografia ativa
Cantares (1968)
Cantar de Novo (1969)
Quadras Populares (1980)
Textos e Canções (1986)

Bibliografia passiva
José Afonso - por
José Viale Moutinho (1972, ed. espanhola 1975)
Zeca Afonso: As Voltas de um Andarilho - por
Viriato Teles (1983)
Livra-te do Medo - Histórias e Andanças do Zeca Afonso - por
José António Salvador (1984)
Zeca Afonso - Poeta, Andarilho e Cantor - edição
Associação José Afonso (1994)
José Afonso - O Rosto da Utopia - por José António Salvador (1994)
José Afonso, Poeta - por
Elfriede Engelmeyer (1999)
As Voltas de um Andarilho - por Viriato Teles (1999, ed. aumentada; 2009, reedição actualizada)
Zeca Afonso antes do mito - por
António dos Santos e Silva (2000)
José Afonso - Um olhar fraterno - por
João Afonso dos Santos (2002)
José Afonso - Todas as Canções - por
Guilhermino Monteiro, João Lóio, José Mário Branco e Octávio Fonseca (2010), Assírio & Alvim - ISBN 9789723715675



segunda-feira, 20 de junho de 2011

TEATRO: Para Alice, com amor - Livraria Cortez









Contações na Cortez
No Contações na Cortez, sempre Histórias e Contadores diferentes. A idéia é estimular a leitura e a imaginação das crianças, através de Contos adaptados da Literatura Infantil, despertando nelas a necessidade da preservação de valores, como o respeito à amizade, o espírito de coletividade e cooperação. Sempre no último sábado de cada mês.
Quando: 25/06/2011, sábado
Horário: 11h00

Tema: Para Alice, com amor

Sinopse: Baseada no livro de José Pacheco, Editora Cortez que es­creve cartas para sua neta Alice, que ainda não sabe ler, para que daqui a alguns anos ela possa entender sobre o “sem-sentido da Escola que tivemos”.

Quem faz: Teatro Grande Urso Navegante - Criado e dirigido por Laerte Asnis e a música Valéria Peres.

Para quem: crianças a partir dos 4 anos com acompanhantes
Inscrição: Gratuita
Nº de Vagas: 70 vagas

Mais informações: http://www.livrariacortez.com.br/atividades_contacoes.php

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Nelson Pereira do Santos - Diretor de cinema brasileiro




Nelson Pereira dos Santos (São Paulo, 22 de outubro de 1928) é um diretor de cinema brasileiro.
Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, turma de 1952.
Considerado um dos mais importantes cineastas do país, seu filme Vidas Secas, baseado na obra de Graciliano Ramos, é um dos filmes brasileiros mais premiados em todos os tempos, sendo reconhecido como obra-prima.
Foi um dos precursores do movimento do Cinema Novo.
É o fundador do curso de graduação em Cinema da Universidade Federal Fluminense, sendo professor do Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF.

Filmografia1949 - Juventude (curta-metragem)
1955 - Rio, 40 Graus
1957 - Rio, Zona Norte
1961 - Mandacaru Vermelho
1962 - Boca de Ouro
1963 - Vidas Secas
1967 - El Justicero
1968 - Fome de Amor
1970 - Azyllo Muito Louco
1971 - Como Era Gostoso o Meu Francês
1972 - Quem é Beta?
1974 - O amuleto de Ogum
1977 - Tenda dos Milagres
1980 - Na Estrada da Vida com Milionário & José Rico
1982 - Missa do Galo (curta-metragem)
1984 - Memórias do Cárcere
1987 - Jubiabá
1994 - A Terceira Margem do Rio
1995 - Cinema de Lágrimas
1998 - Guerra e Liberdade - Castro Alves em São Paulo
2000 - Casa Grande & Senzala (série documental para TV)
2001 - Meu Cumpadre Zé Keti (curta-metragem)
2004 - Raízes do Brasil (documentário)
2006 - Brasília 18%
2009 - Português, a Língua do Brasil (documentário)

Academia Brasileira de Letras:

Em 2006, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 7, cujo patrono é Castro Alves. É o primeiro cineasta brasileiro a se tornar imortal.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Pereira_dos_Santos

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Os Pretos de Pousaflores - Aida Gomes




"Os Pretos de Pousaflores", o primeiro livro da angolana Aida Gomes.
Nasceu em Angola, já viveu no Camboja, Suriname, Libéria, Sudão, Moçambique e até Portugal, mas é sobre a sua terra natal que acaba de escrever o seu primeiro livro.

Aida Gomes lançou nas Correntes d’Escritas na Póvoa de Varzim, “Os Pretos de Pousaflores”, um livro sobre a vida de Silvério, um homem que ao fim de 40 anos em África regressa a Pousaflores, uma localidade portuguesa. Pela mão traz três filhos. Uma história que se cruza, em parte, com a de Aida Gomes.

A escritora é hoje profissional das Nações Unidas. Está na Guiné-Bissau a trabalhar na consolidação da paz. A Renascença perguntou-lhe se Angola fará um dia parte desta sua missão na ONU. Refugia-se na literatura a sua arma de ajuda a Angola.

“Os Pretos de Pousaflores” é o seu primeiro livro, mas a arte de contar histórias vem de miúda. Na terceira classe mandou um texto para a Renascença, uma história que passou na rádio, que foi ao seu encontro, recorda.

Fontes: http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=96&did=143791
http://parceirospelapaz.wordpress.com/2011/02/25/os-pretos-de-pousaflores-o-primeiro-livro-de-aida-gomes/

Cacilda Borges Barbosa - Compositora, maestrina, pianista



Cacilda Borges Barbosa (Rio de Janeiro, 18 de maio de 1914 a 6 de agosto de 2010) foi uma maestrina, compositora, pianista e professora brasileira de música erudita e, no início de sua carreira, também de música popular. Aluna de composição de Antônio Francisco Braga na Escola Nacional de Música, Cacilda pertence à geração de autores que estenderam sua produção entre 1940 e o início do século XXI.

Tendo integrado a equipe de músicos que participaram dos projetos educacionais de Heitor Villa Lobos desde 1930, Cacilda chegou a dirigir o Serviço de Música do Rio de Janeiro, que Villa havia fundado, e foi a primeira diretora do atual Instituto Villa Lobos do Estado do Rio de Janeiro. Na década de 1950 foi professora de música de câmara da Escola Nacional de Música e, até os anos 1990 lecionou composição no Conservatório Brasileiro de Música, ritmoplastia na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e deu aulas em muitas outras escolas de música de todo Brasil.

Pioneira na utilização de música eletrônica no Brasil, sua obra inclui séries de Estudos Brasileiros para canto, para piano e acordeão, balés, peças orquestrais e música de câmara, assim como dezenas de fugas instrumentais. A coleção de dioramas, peças de cunho didático para piano, tem ampla divulgação. Provavelmente sua peça mais conhecida é o coral Procissão da Chuva, com letra de Wilson Rodrigues, que integra o repertório de grande número de conjuntos vocais brasileiros. Seu estilo tem as peculiaridades da tradição carioca, com muita utilização do contraponto, e presença da melódica do chorinho.

Referências
Cacilda Borges Barbosa. Dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cacilda_Borges_Barbosa

segunda-feira, 13 de junho de 2011

123º Aniversário de Fernando Pessoa




Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.

É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".[1]

Por ter crescido na África do Sul, para onde foi aos seis anos em virtude do casamento de sua mãe, Pessoa aprendeu a língua inglesa. Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa dedicou-se também a traduções desse idioma.

Ao longo da vida trabalhou em várias firmas como correspondente comercial. Foi também empresário, editor, crítico literário, ativista político, tradutor, jornalista, inventor, publicitário e publicista, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Centro irradiador da heteronímia, auto-denominou-se um "drama em gente".

Fernando Pessoa morreu de cirrose hepática aos 47 anos, na cidade onde nasceu. Sua última frase foi escrita em Inglês: "I know not what tomorrow will bring… " ("Não sei o que o amanhã trará").

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Agenda Literária: Toni Brandão - 09 de Junho de 2011


O escritor Toni Brandão é um dos preferidos da garotada e dos educadores do Brasil por sua competente facilidade de comunicação com o público e pela adequação dos temas que aborda em seus livros para o melhor entendimento do universo dos pré-adolescentes e adolescentes. Em sua nova coleção, lançada por um selo próprio (A Caixa Verde), Toni parte do triângulo amoroso formado por Pedro, Isabela e Zoé (O Garoto Verde) e do sucesso de uma banda de rock formada por Pedro e seus amigos (Os Recicláveis! e Os Recicláveis 2.0!) para plantar a semente de três divertidas e reflexivas histórias de amor, amizade, ética, cidadania, respeito às diferenças étnicas e comportamentais, responsabilidade e inclusão social, violência, bulliyng... e outros importantes temas que fazem parte do cotidiano atual e determinam o comportamento dos garotos e garotas de qualquer lugar do mundo. Amor + amizade sustentabilidade +bullying ética + cidadania
entretenimento +educação banda de rock+Inclusão social música + tecnologia Diferenças culturais.

“É possível se divertir e refletir ao mesmo tempo!”

Toni Brandão:
O Garoto Verde
parte do agitado triângulo amoroso formado pelo garoto Pedro (superecológico sem ser chato, bonitão e descolado), Isabela (uma garota linda, forte e extremamente mimada e consumista) e Zoé (a garota mais ecológica e naturalmente linda da escola onde o trio estuda) para traçar um painel comportamental e contemporâneo sobre garotas e garotos urbanos de qualquer parte do mundo; discutindo temas como amor, amizade, sustentabilidade, sexualidade, ética, cidadania, respeito às diferenças, inclusão social... e bullying ! Paralelamente ao tempestuoso triângulo amoroso – através de tramas paralelas com os amigos e amigas de Pedro, Isabela e Zoé –, as outras questões e temas vão sendo inseridos e incorporados ao cotidiano dos protagonistas. O bullying, por exemplo, é apresentado pelo núcleo de personagens formado por Gabriel, Rafael e Daniel, os Bad Kids, garotos inseguros que fazem de tudo para camuflar suas fragilidades com um comportamento hostil, arrogante e sem limites. No final do livro, as tramas se encontram em um evento cultural na escola, a Festa Verde, onde Pedro e seus amigos montam uma banda de rock: Os Recicláveis!
Os Recicláveis! traz o sucesso da banda formada por Pedro e seus amigos, ganhando espaço fora da escola com suas ideias verdes, baladas e canções pop com temas afinados com o universo da garotada (como as dificuldades amorosas e de relacionamento) e as principais questões contemporâneas (como sustentabilidade, ética, cidadania e inclusão social). Enquanto a banda faz sucesso na Internet e em shows em outras escolas, acompanhamos a história de amor do trio de
protagonistas se complicando e também os desdobramentos das histórias de amor e amizade e relações familiares dos outros garotos e garotas da banda. As discussões de sustentabilidade, ética e comportamento propostas na primeira aventura são aprofundadas e saem do ambiente escolar para a vida dos garotos e garotas fora da escola. Pedro e seus amigos têm de lidar com a maneira nem sempre ética ou ecologicamente inteligente de seus vizinhos agirem em seu cotidiano. Confusão na certa! Assim como as tramas que os envolve, os personagens também amadurecem em suas maneiras de refletir e de interagir com o mundo que os cerca. No terceiro livro da série, Os Recicláveis 2.0! – Tour Brasil 2011, os garotos e garotas crescem um pouco mais e a banda se lança, entre aventuras e desventuras, fazendo shows por algumas das principais cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba... Sempre se metendo em confusão por sua maneira reciclável de ver e de estar no mundo. A cada viagem, uma nova confusão, muita diversão e também a possibilidade de conhecer outros aspectos culturais de cada região do Brasil e como esses aspectos interferem no comportamento dos garotos e garotas!!! Logo no começo da trama, o protagonista Pedro é roubado por um garoto da mesma idade e com o mesmo nome que ele. Depois de refletir sobre isso com outros garotos e garotas da banda e das cidades por onde ele passa, Pedro encontra uma maneira de ajudar o outro Pedro e seus amigos a tentarem se inserir socialmente através da possibilidade de criar (construir) e não roubar (destruir). As histórias amorosas também se complicam! E se reciclam com desfechos surpreendentes! Paralelamente, entre uma viagem e outra, a banda grava o seu primeiro CD, com músicas que em breve estarão disponíveis, na Internet, para os leitores.
Faz parte ainda do projeto cultural dos três livros a montagem da banda Os Recicláveis!, com atores/ músicos (com os mesmos tipos físicos dos personagens) e que farão shows pelo Brasil.


A CAIXA VERDE
tel.: 11 25338118
Toni Brandão
Fonte: www.tonibrandão.com.br

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O ipê-amarelo e o flamboyant - Sérgio Capparelli


O ipê-amarelo e o flamboyant
Quando floresceu pela primeira vez em julho passado, o ipê-amarelo estremeceu de alegria. Passou longo tempo se olhando no lago. Ele estava em dúvida se ele era ele mesmo, depois de tanta mudança. Era as primeira vez que suas flores se abriam.
Uma menina que passava disse para a sua amiga:
-Chegou a primavera!
O ipê ficou ainda mais espantado, ele sempre tinha estado ali e o nome dele era ipê e não primavera. Disse então para o flamboyant ao lado.
-Não sei o que me aconteceu. Fui dormir e acordei desse jeito.
-Aqui, na beira d’água, a gente fica sem entender o que acontece. Só posso dizer que suas flores são muito bonitas.
-Isso acontece com todo mundo?
-O quê? Ficar amarelo?
-Amarelo, vermelho, azul ou marrom, pouco importa.
-Não sei te dizer, sou fraco em botânica.
Os dois ficaram conversando durante um bom tempo. De vez em quando, com a desculpa da poeira trazida pelo vento, o ipê-amarelo se virava para o lado, para dar uma espiada na sua floração refletida no lago.
Entrou setembro.
O ipê viu um tapete amarelo no chão. E esse tapete era de flores. Suas flores. Outras flores amarelas boiavam no lago. Hibiscos, rosas e dálias.
A primavera devia chegar ao mesmo tempo em muitos lugares. Outras plantas tinham perdido as flores, como ele.
-Queria ser como você - disse o flamboyant ao ipê - mesmo tendo de perder as flores. Elas flutuam nas águas e se lembrem de onde nasceram, olhando para as margens. Eu ainda não tive a alegria de florescer.
A menina de antes pegou um flor de ipê e com ela enfeitou os cabelos:
-Esse flamboyant está que nem antes: sem flor nenhuma - comentou.
O jeito da menina falar era como uma crítica. Onde é que podia ter errado?, perguntou-se o flamboyant
Nesse momento, o flamboyant pegou uma dúvida no ar, trazida pela brisa. E se nunca florisse? No início tinha sentido uma ponta de inveja do ipê-amarelo, achando que no mundo vegetal uns nascem primaveras e outros, inverno.
Pouco mais de semana depois, o ipê-amarelo tinha deixado de ser amarelo e voltara a ser verde. E os hibiscos, rosas e dálias não flutuavam mais no lago. Mas apareceram, de repente, petúnias, orquídeas, bromélias, pernas-de-moça, topete-de-cardeal, extremosas e chuva-de-ouro. Murchas, a maior parte. Mesmo assim o flamboyant parecia contente.
-Acho que nós mudamos no mesmo tempo em que o tempo muda - ele concluiu.
Entrou novembro e com novembro o flamboyant entristeceu. Preferia levar a vida calado no seu canto.
A menina veio passando procurou no chão uma flor, não encontrou e disse:
-Novembro, e esse flamboyant não se decide! O calor está começando. Primavera, agora, só no ano que vem.
O flamboyant sentiu que ia desmaiar. Talvez por causa do calor.
Já o ipê-amarelo agitou-se. Se a primavera voltasse no próximo ano, ele iria florescer de novo.
O flamboyant, vendo o ipê-amarelo pensativo, achou que ele devia ter chegado à conclusão de que a vida se renovava todo ano. Mas por que ele não discutia essas coisas com ele?
No dia seguinte, bem de manhãzinha, o ipê ainda estava dormindo e o flamboyant levou um susto, ao ver o lago ensangüentado. Deu um grito, acordando o ipê. Só então percebeu, em volta dele, ratão-do-banhado, tartaruga, jararaca, zorrilho, cupinzeiro, pica-pau, rã, garça e até um casal de cisne da patagônia. Todos o contemplavam de um jeito muito tranqüilo e, ao mesmo tempo, maravilhados. Então o flamboyant olhou para o rio novamente.
Não era sangue. Era o vermelho de suas flores refletidas nas águas do lago.

Ilust. foto no portal da ilha de Reunião

2008-01-22 20:12:41
Fonte: http://www.capparelli.com.br/raposa.php