terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Yasunari Kawabata



Yasunari Kawabata (Osaka, 11 de junho de 1899Kamakura, Kanagawa, 16 de abril de 1972) foi um escritor japonês, o primeiro de seu país a ser galardoado com o Prêmio Nobel de Literatura, em 1968.


Biografia:

A vida de Yasunari Kawabata foi marcada desde cedo por acontecimentos trágicos e pela solidão. Filho de um médico culto, ele se tornou órfão de ambos os pais com apenas quatro anos de idade, tendo sido então criado no campo por seus avós paternos. Ele tinha uma irmã mais velha, a qual foi entregue aos cuidados de uma tia, mas eles se conheceram somente mais tarde, em julho de 1909, quando Kawabata tinha dez anos de idade, e ela veio a falecer no ano seguinte. Com sete anos (setembro de 1906) perdeu sua avó e, com catorze anos (maio de 1914), o avô.
Tendo perdido todos os seus parentes mais próximos, Kawabata se mudou para a família de sua mãe, os Kurodas, porém acabou matriculado em um
internato próximo da escola de ensino secundário a que ele outrora ia de trem. Durante o tempo em que frequentava o liceu, optou por se tornar escritor após escrever alguns contos; antes disso, quando era criança, desejava se dedicar à pintura.


Juventude:

Em 1920, Kawabata ingressou na Universidade Imperial de Tóquio.
Em 1921, fundou a revista Xin-Xicho (Pensamento Novo) e, juntamente com
Yokimitsu Riichi, criou um jornal de letras –Bungei Jidai (Anais Literários), visando a promover um novo movimento literário, o Xinkankakuha (Sensações Literárias), que tinha como principais preocupações, segundo os autores, a apresentação de "novas sensações" na literatura, considerando a arte pura como missão primordial do escritor. Nessa revista publicou, em 1926, Izu no Odoriko ("A Dançarina de Izu"), uma história que explorava o erotismo do amor juvenil, com imagens líricas inspiradas em escrituras budistas e poetas medievais japoneses. Iniciara, porém, sua carreira como escritor com narrativas breves, mais tarde denominadas Tanagokoro no shôsetsu ("Contos da Palma da Mão"), hoje considerado um gênero típico de Kawabata.


Idade adulta:

Em 1931, já casado, mudou-se para Kamakura, antiga capital dos samurais, ao norte de Tóquio. O seu primeiro romance foi Yukiguni ("Terra de Neve" em Portugal e "O país das neves" no Brasil), começado em 1934 e publicado gradualmente de 1935 a 1937. Relata a história de amor entre um homem diletante da cidade de Tóquio e uma gueixa de uma povoação remota onde este encontra um refúgio do stress da sua vida citadina. Este romance colocou Kawabata imediatamente na posição de um dos escritores japoneses mais importantes e promissores, tornando-se o romance num clássico instantâneo que é, hoje, considerado uma das suas mais importantes obras-primas.
Apesar de, durante a
Segunda Guerra Mundial, ter permanecido neutro, após o final da guerra, no fim dos anos sessenta, engajou-se em manifestações políticas, participou de campanhas de candidatos conservadores e condenou a Revolução Cultural chinesa. Iniciou em 1949 a série "Mil Garças", em que constam o célebre Senbazuru("Nuvens de Pássaros Brancos"), e Yama no Oto ("O Som da Montanha").
Outras obras suas são Nemurero Bijo ("A Casa das Belas Adormecidas"), Utsukushisa to Kanashimi to ("Beleza e Tristeza") e Koto ("Kyoto" em
Portugal). No entanto o romance que Kawabata considerava ser o seu melhor foi Meijin, publicado entre 1951 e 1954.
Kawabata foi ainda membro da Academia Imperial e presidente do
Pen Club do Japão, atuando em várias reuniões internacionais de escritores.
Ao receber o
Nobel de Literatura de 1968, em seu discurso condenou o suicídio, lembrando vários amigos escritores que haviam morrido dessa forma. Em 1972, porém, em meio a um surto depressivo suicidou-se, em Zushi, perto de Yokohama.


Estilo:

Inicialmente Kawabata fez experimentações com técnicas surrealistas, porém aos poucos se torna impressionista, combinando a estética japonesa com narrativas psicológicas e erotismo[1]
O estilo de escrita de Yasunari Kawabata distingue-se por uma linguagem suave, mais abstracta que descritiva, onde predomina a subjectividade em relação à objectividade, aproximando-se muitas vezes da
prosa poética.
Por seu tratamento de atmosferas e cores, ficou conhecido como alguém que "pintava as palavras" de branco irradiante, praticamente sem outras cores, como se vê em "O País das Neves" e em "Nuvens de Pássaros Brancos".
A solidão, a angústia da morte e a atração pela psicologia feminina foram seus temas constantes.



Obras selecionadas
Ano - Título em japonês - Título(s) em português
1926 - 伊豆の踊子Izu no Odoriko -
A Dançarina de Izu
1930 - 浅草紅團Asakusa Kurenaidan -
A Gangue Vermelha de Asakusa
1935–1937,1947 - 雪國Yukiguni -
O País das Neves Terra de Neve
1951–1954 - 名人Meijin -
O Mestre do Go
1949–1952 - 千羽鶴Senbazuru -
Mil Tsurus ou Nuvens de Pássaros Brancos Chá e Amor
1949–1954 - 山の音Yama no Oto -
O Som da Montanha
1954 - みづうみ(みずうみ)Mizuumi -
O Lago
1961 - 眠れる美女Nemureru Bijo -
A Casa das Belas Adormecidas
1962 - 古都Koto -
Kyoto
1964 - 美しさと哀しみとUtsukushisa to Kanashimi to -
Beleza e Tristeza
掌の小説Tenohira no Shōsetsu -
Contos da Palma da Mão


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Gilvan Samico





Gilvan José de Meira Lins Samico (Recife, 15 de junho de 1928) é um pintor, desenhista e gravurista brasileiro. Atualmente, reside e trabalha na cidade de Olinda, em Pernambuco.


Samico iniciou-se na pintura como autodidata, influenciado pelo expressionismo de artistas como Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo, mas atualmente é conhecido por suas meticulosas xilogravuras, inspiradas na temática e estilo da gravura popular do nordeste do Brasil.
Em
1948, começa a frequentar a Sociedade de Arte Moderna do Recife. Em 1952, funda, juntamente com outros artistas, o Ateliê Coletivo da Sociedade, idealizado por Abelardo da Hora. Em 1957, estuda xilogravura com Lívio Abramo, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo. No ano seguinte, estuda gravura com Goeldi, na Escola Nacional de Belas Artes, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1968, recebeu o prêmio viagem ao exterior no 17º Salão Nacional de Arte Moderna do MAM-RJ e permanece por dois anos na Europa. Em 1965, fixa residência em Olinda. Leciona xilogravura na Universidade Federal da Paraíba.
Em
1971, convidado por Ariano Suassuna, passa a integrar o Movimento Armorial, voltado à cultura popular. Sua produção é particularmente pela recuperação do romanceiro popular e pela literatura de cordel. Suas gravuras são povoadas por personagens da Bíblia, de lendas e por animais fantásticos, com reduzido uso da cor e de texturas.
Os quarenta anos de gravura do artista foram comemorados em 1997 com importante exposição no
Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.
Samico tem obras no
MoMA de Nova Iorque e participou duas vezes de Bienal de Veneza tendo sido premiado em uma delas.



Plantar sonhos - André Neves



Plantar sonhos


O pintor plantava.
Pela manhã limpava o terreno com um pincel largo sentindo o amanhecer nos olhos.
O calor da imaginação revelava a freqüência da infância. Ele arava os pensamento sem tropeçar em outras idéias além daquelas que ia, aos poucos, espalhando pelo areia branca.
No céu uma vontade de ser pássaro.
A noite guardava seus instrumentos e alheio as expectativas cumpria sua obrigação com a certeza de que amanhã renasceria diferente.
Também quero plantar meu sono para fazer sonhar.



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012